
Em homenagem à data de falecimento de Rei do Baião, o Memorial Luiz Gonzaga, no Pátio de São Pedro, organizou para esta segunda-feira (2) uma programação especial. Celebrando a parceria de Gonzaga com Zé Dantas a instituição abre das 9h às 22h trazendo apresentações para o centro do Pátio a partir das 18h.
A homenagem a Zé Dantas, além de referências em shows, acontece na publicação de Zédantas, segundo a letra I. O livro, além de artigos escritos por e sobre o médico e compositor, conta com o depoimento de sua viúva, Iolanda Dantas.
A cerimônia começa com a execução de Ave Maria sertaneja seguida da apresentação de Cláudio Almeida. O show do violonista traz o repertório do disco Noites brasileiras, que tem todas as canções de autoria de Zé Dantas.
Na sequência sobe ao palco o Forró Carnaíba. Formada por alunos e professores da Escola Israel Gomes a orquestra é mantida com apoio do Memorial na cidade natal de Zé Dantas. “O Forró de Carnaíba desenvolve essa apresentação há dois anos. O grupo prioriza os ritmos nordestinos e a preservação das nossas raízes musicais”, descreve Lêda Dias, gerente do equipamento municipal.
Às 20h30, é a vez do tributo exclusivo a Gonzagão. Sobem ao palco 18 artistas, cada um cantando duas canções do Rei do Baião. O destaque fica por conta da participação de Petrúcio Amorim, Irah Caldeira e Cristina Amaral.
Estender o tributo ao Doutor do Baião, como também era conhecido Zé Dantas, é uma forma de valorizar o parceiro e amigo do cidadão de Exu. “Zé Dantas foi junto com Humberto Teixeira um dos principais parceiros de Luiz Gonzaga em termos de importância. Os trabalhos conjuntos dos dois fizeram com que Luiz Gonzaga levasse mais traços nordestinos para suas músicas e apresentações”, conta Lêda.
Segundo o pesquisador da vida e obra de Luiz Gonzaga Paulo Vanderley, difundir o legado do Rei do Baião passa pela valorização de Zé Dantas. “Como o próprio Luiz dizia, Zé Dantas era um cara com mais cheiro do sertão nas suas letras. Ele criava poesias ricas, de qualidade mesmo”, afirma o pesquisador, que ainda mantém o site Luiz Lua Gonzaga (www.luizluagonzaga.mus.br) com um imenso acervo de fotos e músicas do cantor.
Paulo revela ainda uma descoberta fruto de seu trabalho de pesquisa: Zé Dantas foi o principal incentivador para que o Rei do Baião passasse a contar causos populares em meio às músicas. “Antes de conhecer Zé Dantas, Luiz Gonzaga não costumava interromper suas músicas com suas histórias”, explica. Segundo o autor, um dos indícios disso está na gravação original de Respeita Januário, parceria com Teixeira. “Ela não tinha inicialmente as histórias contadas por Luiz”. O pesquisador ainda afirma que encontrou uma versão de Gonzaga para a música em que Zé Dantas é quem narra as histórias.
Além disso, apesar da mais famosa música de Gonzaga, Asa branca, tratar-se de uma parceria com Teixeira, Dantas não deve em nada em quantidade e qualidade a este último. “Humberto tem 33 canções gravadas por Gonzaga enquanto Zé Dantas tem 55”, contabiliza. A primeira parceria dos dois, Forró de Mané Vito é considerada pelo pesquisador nada menos do que o primeiro registro do ritmo forró.
Segundo Lêda, a publicação de Zédantas, segundo a letra I é a primeira de muitos trabalhos impressos que o Memorial Luiz Gonzaga pretende lançar. “Faz parte da Coleção Patrimônio Vivo, que estamos começando”, explica. “Luiz quando interpretava fazia a letra e a música crescerem” descreve Paulo, conterrâneo do cantor. “Ele era um artista completo. Tinha uma carisma incrível. Cantava como ninguém e a sanfona, de tão bem que ele tocava, parecia uma extensão do corpo.”
jconline
Nenhum comentário:
Postar um comentário